Conheça o projeto da Fábrica Experimental de Cidades Solano Trindade
A Fábrica Experimental de Cidades Solano Trindade nasce de um projeto pedagógico de formação pelo trabalho com enfoque em tecnologias sociais para a produção de moradia digna, especialmente nas áreas da construção civil, infraestruturas urbanas e agroecologia.
A proposta insere-se no projeto político mais amplo do MNLM, que entende que o direito à cidade não pode estar dissociado do direito ao trabalho e à renda para que o projeto garanta condições dignas de vida a longo prazo (ver ação 07: A luta pelo direito à cidade).
Foi a partir desse princípio da sustentabilidade urbana associada à sustentabilidade econômica das famílias que surgiu a proposta da Fábrica Experimental de Cidades — um centro de formação, aberto aos moradores do bairro São Bento, para abrigar as atividades de educação pelo trabalho desenvolvidas na Ocupação, especialmente aquelas relacionadas à moradia, mas também atividades culturais, educação de jovens e adultos e um pré-vestibular comunitário.
“A Fábrica alinha-se ao projeto político do MNLM, no qual o direito ao trabalho é parte fundamental do direito à cidade para a garantia de condições dignas de vida a longo prazo”.
Um projeto pedagógico de educação pelo trabalho com enfoque em tecnologias sociais para a produção de moradia digna nas áreas da construção civil, infraestruturas urbanas e agroecologia.
Através da doação de uma estrutura de madeira da UFRJ e de um projeto de financiamento coletivo.
Durante o processo de projeto do novo edifício conduzido pelo Catálise, foram estudadas diferentes configurações e possibilidades. A estrutura de madeira permitia uma infinidade de arranjos. A ideia é que a montagem do novo edifíio fosse realizada enquanto processo pedagógico para a formação de todos os envolvidos e pudesse articular a estrutura de madeira com outras tecnologias construtivas que vinham sendo experimentadas na Ocupação Solano Trindade:
"Na Fábrica Experimental de Cidades, será possível experimentar tecnologias alternativas e fabricar diferentes componentes a partir de sua infraestrutura flexível. Será um espaço de educação e de emancipação em que, mesmo com recursos limitados, a própria construção aponta as possibilidades que os processos autogestionários inauguram". (benfeitoria.com/fabriacexperimentalmnlmdc)
“um centro de formação aberto aos moradores do bairro, voltado para a educação pelo trabalho, um pré-vestibular comunitário e atividades artísticas e culturais ”
A concepção da Fábrica Experimental de Cidades Solano Trindade se iniciou em 2017, quando foi confirmada a possibilidade do MNLM/Duque de Caxias-RJ receber a doação de uma estrutura de madeira que abrigava o Instituto Politécnico da UFRJ (IPUFRJ), na cidade de Cabo Frio, Rio de Janeiro. O IPUFRJ funcionou entre 2008 e 2016, quando as suas atividades foram interrompidas.
A Ocupação Solano Trindade compartilhava com o IPUFRJ a concepção do trabalho como princípio educativo e o desejo de criar um espaço voltado para a formação politécnica. Sendo ambos os projetos ligados ao Núcleo Interdisciplinar para o Desenvolvimento Social (NIDES/UFRJ), a doação do edifício se deu neste âmbito.
Trata-se de uma estrutura modular desmontável que compunha um edifício de dois pavimentos, de 15m x 45m cada, em Porto do Carro, na cidade de Cabo Frio. O projeto para o novo edifício na Ocupação foi desenvolvido pelo coletivo de assessoria técnica Catálise. Em uma nova configuração para a estrutura de madeira original de quatro módulos iguais de 12 metros x 9 metros.
O objetivo era construir, ainda em 2017, o primeiro dos quatro módulos para abrigar atividades já em curso na Ocupação, no âmbito de seu projeto pedagógico, mas que ainda não tinham um espaço físico adequado. No entanto, para receber a doação da estrutura, o Movimento teve que assumir a responsabilidade pelo desmonte do edifício em Cabo Frio e pelo seu transporte até a Ocupação Solano Trindade, sem recursos da UFRJ destinados para este fim. Assim, para viabilizar o desmonte da estrutura, o transporte das peças e a construção do novo prédio, foi criada uma campanha de financiamento coletivo que arrecadou, em 2017, aproximadamente 32 mil reais.
O processo de desmonte foi realizado pelos moradores da Ocupação Solano Trindade, que acamparam no edifício entre meados de janeiro e final de fevereiro de 2017. Foram necessárias seis caminhões carretas para o transporte de toda a estrutura. Desde então, iniciou-se também o processo de projeto do novo edifício.
A etapa de projeto durou aproximadamente um ano e contou com a assessoria técnica de arquitetos e engenheiros do Catálise e seus parceiros, bem como passou por diversas etapas de discussões e debates envolvendo as lideranças do MNLM-DC-RJ, os moradores da Ocupação, técnicos e professores do NIDES.
Esse longo período foi necessário devido a uma série de dificuldades enfrentadas ao longo do processo. O principal desafio decorreu do fato da estimativa inicial orçamentária ter sido feita considerando uma fundação superficial.
No entanto, após a realização dos furos de sondagem descobriu-se que o terreno exigiria uma fundação profunda, ainda que sua estrutura fosse bastante leve, o que implicou em gastar todo o recurso arrecadado na campanha de financiamento coletivo apenas com a execução das fundações do novo prédio.
Após um longo período de resolução dos desafios técnicos e ajustes no projeto de fundação a obra foi iniciada em regime de mutirão no segundo semestre de 2019. No início de 2020 a obra do edifício projetado para abrigar a Fábrica Experimental de Cidades foi paralisada e ainda não foi retomada.