As discussões de projeto para a recuperação de um edifício pré-existente foram iniciadas em 2015
(ver: A criação coletiva de um projeto de moradia).
Neste momento inicial, foram elaboradas com as famílias de Solano Trindade diferentes tipologias possíveis para a produção de novas moradias aproveitando a antiga estrutura. As possibilidades foram experimentadas e debatidas coletivamente a partir de desenhos feitos no chão, dentro do prédio, em escala 1:1.
Apenas em 2018 foram conseguidos parte dos recursos para a execução da obra através de uma Emenda Parlamentar do Deputado Federal Chico Alencar (Psol), destinada ao projeto de extensão “Educação e Cidade, a construção coletiva de um bairro popular". O projeto de extensão universitária contou com uma equipe de doze pessoas, entre estudantes de graduação, mestrado e docentes de diferentes áreas.
Por parte do Movimento a equipe de obra contou com a participação de onze moradores e lideranças do movimento que se revezaram ao longo do processo.
"As tipologias foram experimentadas e debatidas coletivamente a partir de desenhos feitos no chão, dentro do prédio, em escala 1:1."
A recuperação de um edifício existente para a produção de doze casas. O processo incluiu o projeto e a gestão coletiva do canteiro de obras, com assessoria técnica presencial e remota.
Recursos de Emenda Parlamentar (Dep. Chico Alencar / Psol) destinados ao projeto de extensão “Educação e Cidade, a construção coletiva de um bairro popular", financiamento coletivo e recursos próprios das famílias
MNLM, LEAU, Soltec, Abricó, naMORAR
Com o início da pandemia em 2020 as atividades presenciais de extensão universitária tiveram que ser suspensas e a obra foi interrompida por um período de três meses. Em julho de 2020 os moradores e lideranças decidiram retomar os trabalhos ainda que sem a presença da equipe de assessoria no canteiro. Para isso, foi desenvolvido um método de assessoria técnica remota utilizando o WhatsApp para a realização de chamadas de vídeo diárias entre a equipe de obra e a assessoria técnica. A plataforma também foi utilizada para o envio de desenhos sobre fotos e de manuais construtivos desenhados a mão (sistematizando as etapas de execução de algumas tarefas). Estas ferramentas foram fundamentais para complementar os desenhos técnicos no canteiro, ampliando as possibilidades de compreensão por todos os envolvidos e garantindo as trocas de saberes – acadêmicos e populares – que aconteciam antes da pandemia.
O projeto de extensão universitária dedicou-se à assessoria técnica para o desenvolvimento do projeto de arquitetura e acompanhamento da obra, constituindo um processo pedagógico que integrou estudantes, bolsistas de graduação, docentes e moradores da ocupação e do entorno. A fase de projeto de arquitetura envolveu também duas turmas da disciplina de Projeto Executivo da FAU-UFRJ (ver ação 05: Unificando ensino, pesquisa e extensão universitária). As atividades formativas incluíram oficinas práticas sobre as diferentes especialidades implicadas no processo de recuperação do edifício.
Inicialmente, os recursos da Emenda Parlamentar seriam destinados a todas as infraestruturas coletivas utilizando tecnologias alternativas — telhado verde, captação de água de chuva, saneamento ecológico e alvenarias utilizando Bloco de Terra Comprimida. No entanto, o impacto da pandemia no preço dos materiais de construção inviabilizou a implementação de parte das infraestruturas e, por isso, o telhado verde e o sistema de captação de água de chuva ainda não foram implementados.
O trabalho no canteiro de obras foi organizado a partir de ferramentas definidas e elaboradas coletivamente.
Dentre estas, destacamos: (i) o almoxarifado para organização das ferramentas e do material, (ii) as folhas de presença para sistematização da carga horária de trabalho, (iii) as atas das atividades para registro das decisões coletivas no cotidiano da obra, (iv) o cronograma de atividades semanal para a organização das atividades a serem desenvolvidas e (v) o café da manhã coletivo para a realização do planejamento de cada jornada de trabalho.
"A fase de projeto de arquitetura envolveu duas turmas da disciplina de Projeto Executivo da FAU-UFRJ e as atividades formativas incluíram oficinas práticas sobre as diferentes especialidades implicadas no processo de recuperação do edifício"
Frente ao aumento do preço dos materiais decorrente da pandemia foi criado um projeto de financiamento coletivo para o avanço da obra, o que garantiu que duas casas modelos fossem praticamente concluídas em 2021. Para que as outras dez possam ser concluídas serão necessários mais recursos.
A luta pelo direito à cidade
A criação coletiva de um projeto de moradia
Unificando ensino, pesquisa e extensão universitária
Tecnologias alternativas: Saneamento Ecológico
Tecnologias alternativas: Bloco de Terra Comprimida
Fábrica de Cidades
Vivências Agroecológicas: Agricultura e alimentação saudável